A Heroína Mártir Vaishnavi S.G. Hladini Devi Dasi (ACBSP)
Sua Graça Hladini Devi Das (ACBSP)
Nova Vrindaban Relembra Hladini Devi Dasi (ACBSP)
Hladini nasceu em 16 de janeiro de 1949. Seus pais lhe deram o nome de Linda Jury. Mais
tarde, ela recebeu o nome Hladini de seu amado Guru Maharaja, Sua
Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o Fundador-Acarya da
Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON).
Hladini
cresceu em um subúrbio de Detroit [EUA] com seu irmão mais velho e
irmã. Ela tinha muitos amigos e muitos animais, inclusive um cachorro
chamado Pepperdoodle e um sapo chamado Herbie. Ela passava os verões
dela numa cabana de férias da família. Hladini teve uma infância feliz.
Em 1969, Hladini casou-se com Mike Ryon.
Como muitos jovens, Hladini e seu marido estavam procurando pela
verdade e por um senso de preenchimento. Mike leu diferentes livros
sobre Zen, Taoísmo e outras religiões orientais para encontrar respostas
às muitas questões deles. Após Mike ler o livro intitulado "A Sabedoria
de Deus" de Srila Prabhupada, ouvido os devotos cantando o maha-mantra
Hare Krishna e provado a comida vegetariana grátis que eles serviram,
ele ficou convencido de que pertencia aos devotos.
Mike e Hladini mudaram-se para o templo de Detroit. No
início, Hladini entrou para o templo Hare Krishna simplesmente porque
era o que seu marido queria. Logo, entretanto, Hladini convenceu-se de
que o templo era o lugar certo para ela. Em
março de 1970 ela escreveu para Prabhupada e pediu por iniciação
espiritual. Prabhupada respondeu imediatamente por carta, na qual lhe
deu o nome de Hladini.
Em 1972, Hladini e Mike mudaram-se para Nova Vrindaban.
No final daquele ano, Mike deixou Nova Vrindaban permanentemente,
enquanto Hladini escolheu ficar. Nova Vrindaban era sua casa. Logo, Hladini tornou-se um dos devotos mais populares em Nova Vrindaban.
"Eu
me mudei para Nova Vrindaban da Zâmbia (no sul da África) em 1986 com
meu marido e quatro crianças", disse Manasa Ganga devi dasi. "Hladini
virou minha cabeça. Eu nunca havia encontrado alguém que fosse tão
feliz. Ela tinha sempre um sorriso no rosto e era boa e gentil com todos, especialmente com as crianças. Hladini amava as crianças e as encorajava." Por dezoito anos, Hladini viveu e serviu em Nova Vrindaban.
Sua Graça Hladini Devi Dasi com as crianças
Em dezembro de 1989, Hladini tomou a dolorosa decisão de deixar o lugar tão querido por ela, e viajou para o oeste da África.
Os devotos de lá gostaram tanto do serviço e da inspiração de Hladini
que lhe deram a honra de ser secretária regional. Nesta função, Hladini
viajou de centro em centro ensinando e ajudando os devotos de todas as
formas possíveis.
Sua Graça Hladini Devi Dasi na África com as Deidades, devotos e Bhakti Tirtha Svami
Quando Hladini chegou à Monróvia, a capital da Libéria, o país estava atolado em um conflito civil fratricida.
Os comandantes de sete grupos rivais lutavam por poder, enquanto havia
fome em larga escala entre a população. Vendo o sofrimento do povo, os
devotos do templo Hare Krishna em Monróvia aproximaram-se dos
comandantes e organizaram-se para começar um programa Alimentos para a
Vida.
O comandante que controlava Monróvia, Prince Johnson,
concordou com a proposta e os devotos começaram um programa de
distribuição gratuita de comida. Prince Johnson visitou o templo mais de
uma vez e aceitou o Bhagavad-Gita Como-Ele-É dos devotos.
Quando
a guerra se intensificou, o governo dos EUA ordenou que todos os
cidadãos dos EUA evacuassem o país. Hladini teve que decidir se
permaneceria em Monróvia ou retornaria por segurança à Nigéria.
Verdadeira à sua natureza, a compaixão e misericórdia de Hladini pelos
outros suplantaram qualquer preocupação que ela tivesse com sua própria
segurança. Ela
optou por ficar. Hladini era o único devoto sênior em Monróvia, e sua
presença deu consolo aos devotos africanos nativos que não podiam sair.
Em 14 de junho de 1990, Hladini escreveu uma carta para Radhanath Swami, um amigo de Nova Vrindaban:
"Aqui, nunca há um minuto de sossego. Agora estou encalhada na Libéria no meio de uma guerra para derrubar o governo.
O aeroporto foi ocupado e eles pediram a todos os americanos e
estrangeiros que deixem o país imediatamente. Os fuzileiros americanos
enviaram 6 navios de guerra e 2.000 fuzileiros navais para evacuar os
cidadãos. Estou apenas ajudando os devotos em tempos difíceis. Há escassez de comida pois todas as estradas estão bloqueadas e nenhum suprimento pode chegar.
150.000 pessoas fugiram do país nas últimas semanas. Todo dia pelo
menos 10 pessoas são decapitadas e os rebeldes ainda estão a 65
quilômetros da cidade..."
Prince
Johnson estava matando todos os suspeitos amigos e soldados do
presidente anterior. Johnson também era conhecido por matar seus
próprios homens em escala mais rápida do que o inimigo. A reputação do
comandante de assassino insano incomodou alguns dos devotos, que então
lhe escreveram uma carta dizendo que ele deveria parar a matança de
pessoas.
Johnson,
que não tolerava a mais leve crítica à suas ações, ficou furioso com a
carta. Um bem-querente passou a mensagem aos devotos de que Johnson
estava querendo se livrar deles. Naquele momento, era muito tarde para
deixar o templo e pedir refúgio em outro lugar, já que muitos dos
prédios na área estavam ou destruídos ou sendo controlados pelas tropas
de Johnson. Os devotos ficaram no templo e deixaram seus destinos nas
mãos do Senhor Krishna.
Domingo,
03 de outubro de 1990. O esquadrão da morte chegou ao templo Hare
Krishna, na cidade capital de Monróvia, nas primeiras horas da manhã, e
ordenou que os devotos saíssem. Sete devotos, cinco homens e duas
mulheres, deixaram o templo e
se enfileiraram para dentro do jipe que os aguardava. Johnson e seus
homens carregaram de jipe os sete devotos que foram capturados. Dois
devotos conseguiram escapar pela porta traseira e subiram as árvores
para se esconder. Eles foram levados à uma curta distância da Ponte
Sturton, onde os devotos foram forçados à mão armada e arrebanhados na
areia próxima ao rio. O líder anunciou que apenas os homens seriam mortos. Assim Hladini, uma mulher, sabia que não seria morta.
De
repente, aqueles dois devotos ouviram tiros de armas vindos da direção
da ponte. Eles viram que os devotos capturados haviam sido baleados
pelos homens de Johnson. Na madrugada, eles desceram da árvore. Ao invés
de irem para o templo, andaram pelo rio onde viram o sari de Hladini flutuando na água.
Assim
que o líder ergueu sua arma para disparar a primeira salva da execução,
Hladini pulou para a frente e o atacou de mãos vazias. Ela gritou,
"Como você ousa matar os devotos de Krishna? É melhor você me matar do
que matá-los!" Hladini foi a primeira a ser baleada. Hladini, junto com
os cinco devotos homens, tornou-se mártir da Guerra Liberiana.
Hladini
devi dasi foi brutalmente fuzilada por um esquadrão armado,
extrajudicial, numa Libéria dilacerada pela guerra, no oeste da África.
"Quando
ouvimos em Nova Vrindaban que havia ocorrido um golpe na Libéria e
Hladini fora pega, toda a comunidade juntou-se no Palácio de Ouro e
orou", relembra Manasa Ganga. "Quando ouvimos que Hladini havia sido
morta, foi um grande choque. Nós executamos um serviço memorial e todos
vieram porque ela era um dos mais amados devotos na comunidade. Ela
tinha sempre um sorriso no rosto e estava sempre pronta para ajudar.
"Nada era um incômodo", disse Manasa Ganga com um sorriso triste. "Para Hladini, cuidar dos outros era sempre um prazer. Foi por isso que ela deu sua vida - para cuidar dos outros."
Nota do tradutor: Prince Yormie Johnson (nascido em 1952) é um político liberiano eleito Senador Sênior da Libéria em 2005, mantendo-se até hoje em 2017. Ex-líder rebelde, Johnson foi proeminente na Primeira Guerra Civil Liberiana, em particular por capturar, torturar, mutilar e executar o Presidente Samuel Doe, que derrubou e assassinou pessoalmente o presidente anterior, Willian R. Tolbert Jr. (fontes desta nota: Independent, Wikipedia e BBC)
Fonte: Dandavats
Tradução, nota, ligações, fotos e reedição, apenas cronológica, por David Britto, 23 de janeiro de 2017, revisado e acrescentado "(ACBSP)" em 25 de janeiro de 2017.
Convido os leitores a, por favor, me avisarem de possíveis erros de tradução, gramática e digitação.