Um documento pelo Concílio Aconselhador Sastrico, Sastric Advisory
Council (SAC)
Membros participantes na autoria deste documento: Suhotra Svami,
Gopiparanadhana Dasa, Drutakarma Dasa, Mukunda Datta Dasa, Purnacandra Dasa,
Devamrta Dasa
Introdução
Em 17 de setembro de 2003, o Concílio Aconselhador Sastrico (SAC) recebeu
um pedido do Comitê Executivo (EC) do GBC requisitando a este a pesquisar o
tópico filosófico do possível futuro de diksa-gurus femininas na ISKCON:
“Estamos cientes de que a possibilidade de devotos quererem que senhoras
se tornem gurus na ISKCON está aí, mas até agora ninguém abordou o
assunto de como corrigir ou apropriar isto para que possa estar de acordo com
as declarações de Srila Prabhupada, sastra, declarações dos acaryas
prévios ou considerações históricas. Agora que o nome de Urmila foi proposto
como uma guru na ISKCON, isto trouxe o assunto para a pauta e o EC sente
que há uma necessidade de pesquisa a ser feita para clarear a compreensão.
Gostaríamos que o SAC pesquisasse isto e nos desse um relatório. Conduziremos
uma discussão separada sobre o impacto cultural desta decisão. Tudo que pedimos
de vocês é uma compreensão filosófica.”
A respeito do processo do caso particular de Urmila Devi na ISKCON, um
membro do EC escreveu, “Até onde eu entendo, isto é um processo regular. Não
mudamos a lei do GBC. Mas ela já recebeu três objeções, o que significa que sua
nomeação vai diante de todo o corpo do GBC em Mayapur para discussão. Então, o
corpo do GBC quer estar preparado sastricamente para discutir esta
questão, definir uma conclusão e executar um voto informado sobre isto. Também,
queremos que os devotos em geral entendam que a decisão do GBC foi feita com o
conhecimento da história e do siddhanta vaisnavas.”
Os membros do SAC sentiram que as circunstâncias da tarefa eram válidas e
o tópico interessante e assim aceitaram a tarefa. Urmila Devi, entretanto,
sendo um membro do SAC envolvida neste caso diante do GBC, isentou-se da
discussão e de escrever este documento.
Ainda, para assegurar que todos os lados do tópico foram representados
propriamente, o SAC aceitou um membro temporário representando os vaishnavas
criados em Bharata onde se pode questionar a propriedade de devotas femininas
como gurus conforme ao histórico cultural.
Os membros do SAC decidiram proceder por tentar reunir evidências nas
seguintes categorias: (1) declarações de Srila Prabhupada (2) declarações por
outros acaryas Gaudiya vaishnavas (3) declarações por outros acaryas
vaishnavas (4) declarações dos smrtis vaishnavas e (5)
exemplos históricos.
Também decidimos alargar nossa visão e assistir o GBC em suas discussões
sobre o impacto cultural conduzindo uma pesquisa limitada aos líderes das sampradayas
Gaudiya e outras vaishnavas; que será apresentada separadamente. Começamos
nossa discussão em 8 de maio de 2004. Os resultados se encontram abaixo.
[...]
Ponderando a Evidência e Concluindo
A única declaração negativa significante —“Suniti, entretanto, sendo uma
mulher, e especificamente sua mãe, não podia se tornar diksa-guru de
Dhruva Maharaja.” (Bhag. 4.12.32 significado) — pode ser
interpretado diferentemente. Uma interpretação possível é que mulheres não
podem iniciar devotos masculinos, mas poderia assim fazer com devotas
femininas. Outra poderia ser que mulheres podem iniciar todos os outros exceto
sua própria prole. Esta segunda interpretação poderia ser suportada pelo fato
de que a segunda esposa do Senhor Nityananda, Sri Vasudha Devi, na iniciou seu
próprio filho, Viracandra, mas Sri Jahnava Devi o fez. Em qualquer caso, Srila
Prabhupada está se referindo a um incidente em um tempo específico no passado
distante, e suas outras declarações tratando com o tempo presente (conversas
com o Professor O’Connell ou com Atreya Rsi Dasa), e especificamente dentro da
ISKCON, são mais valiosas como pramanas nesta discussão.
Adicionalmente, o sistema vaidika operava durante a Satya-yuga.
Sob tal sistema, as mulheres geralmente não recebiam iniciação. Portanto,
logicamente, elas também não podiam dá-la. Sob o sistema pancaratrika mais
recente, entretanto, mulheres qualificadas podem aceitar e oferecer iniciação.
Apresentamos também declarações, por um lado, requisitando a dependência
e proteção sociais das mulheres e, por outro, declarações atestando que em
assuntos espirituais tais considerações podem ser transcendidas.
Quando olhamos para todas as declarações de Srila Prabhupada vemos que
ele tinha a concepção de gurus femininas no futuro, i.e. se elas
pudessem chegar ao padrão, e que havia gurus femininas no passado a quem
Srila Prabhupada citou como evidência de sua posição. Mas ele disse que elas
eram raras e então nós deveríamos seguir esta indicação.
Ponderando a evidência filosófica, a equipe do SAC conclui que devotas
femininas, se qualificadas, devem ser permitidas dar iniciação na ISKCON.
Parece ser insustentável com base em guru, sadhu e sastra,
ter uma política que defenda que nunca deve haver gurus femininas na
ISKCON. O GBC, entretanto, pode escolher não ter gurus femininas no
presente com base em tempo, lugar e circunstâncias ou considerações culturais.
Mas assim deve ter alguma justificação do porquê deste tipo de política ser
necessária agora.
Se o consenso do GBC é seguir com gurus femininas na ISKCON, então
sugerimos pré-requisitos familiares a serem considerados. Os seguintes
pré-requisitos levam em conta preocupações sociais:
Pré-requisitos e Apoio Familiares
Uma vez que é difícil averiguar o nível de bhakti de alguém, e
para assegurar estabilidade, pode ser considerado prudente pelo GBC colocar
alguns pré-requisitos familiares, não absolutos (do contrário violaria o verso kiba-vipra [Cc Madhya 8.128]),
sobre as candidatas a guru femininas na ISKCON. Aqui estão algumas
humildes sugestões:
a) A vaisnavi deve normalmente ser de uma determinada idade (p. ex.
cinquenta ou mais).
b) A vaisnavi deve normalmente ter executado um número mínimo de anos de sadhana-bhakti. (p.
ex. vinte e cinco ou trinta anos)
c) A vaisnavi deve normalmente ter algum apoio familiar, p. ex. marido,
filho ou filha adulto, ou genro ou nora adulto, e uma base residencial para
assegurá-la uma estabilidade psicossocial. Esta cláusula sugerida corresponde
às muitas recomendações e advertências sobre mulheres tornarem-se independentes
dadas nos dharma-sastras.
d) A vaisnavi deve normalmente ter um apoio espiritual na forma de pelo
menos um ou mais siksa-gurus ou mentores seniores dos quais ela
pode ter assistência.
Por que condições familiares devem ser colocadas para candidatas a guru
femininas?
As mulheres têm uma natureza psicofísica diferente dos homens. Portanto,
enquanto ainda estiver nos estágios sadhana de bhakti, uma
candidata a guru feminina faria bem em ter algum apoio familiar. Ainda, é raro
encontrar exemplos delas aceitando o papel de guru. Isto é claramente
declarado por Srila Prabhupada nas conversas acima citadas. Estes
pré-requisitos familiares são medidas simples para salva guardar e apoiar
futuras gurus femininas sem sobrecarregar candidatas em perspectiva com
burocracias desnecessárias.
Fonte: GBC (Tradução da
Introdução e Conclusão do original de aproximadamente 14 páginas)
Tradução e resumo [...] por David
Britto, 28 de fevereiro de 2013
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